Há alguns anos eu trabalhei em uma escola que oferecia palestras sobre profissões aos alunos do ensino médio, a fim de ajuda-los na escolha do vestibular. Certa vez me pediram para dar uma palestra sobre a fonoaudiologia e eu pensei “caramba! A profissão é tão ampla, como vou abordar tudo o que um fonoaudiólogo pode fazer em alguns poucos minutos? ”
Elaborei então uma apresentação intitulada “Fonoaudiologia: da gravidez à senescência”, que infelizmente eu não tenho mais, mas vou tentar explicar de forma breve, provavelmente esquecendo de alguma coisa, porque de verdade a profissão é muito ampla.
“Nossa, mas por que a Rai está falando disso agora? ”
Primeiro porque hoje, 09 de dezembro é comemorado o dia do fonoaudiólogo, e segundo porque frequentemente sou abordada com perguntas do tipo “mas o que o fonoaudiólogo tem a ver com isso”? Ou “Sério que fono também faz isso”?
Por que “da gravidez à senescência? ”
Porque é isso aí mesmo! Desde a gravidez até o envelhecimento, seja ativo ou não, o fonoaudiólogo pode fazer algo por você:
Ainda na gravidez, é comprovado que receber orientações para o aleitamento materno, reduz os índices de desmame precoce, e o fonoaudiólogo é um dos responsáveis por essas orientações, especialmente em relação ao uso de bicos artificiais, que, além de causar confusão de bicos provocando desmames precoces, pode prejudicar o desenvolvimento orofacial do bebê, trazendo inclusive prejuízos na fala, mastigação e respiração bucal.
Se o bebê nasce prematuro, é direito da família que esse bebê seja acompanhando por um fonoaudiólogo habilitando as funções orais do bebê preparando-o para ser alimentado por via oral, preferencialmente em aleitamento materno.
Ainda na maternidade também é o fonoaudiólogo que realiza os testes da linguinha e da orelhinha, prevenindo dificuldades de alimentação e comunicação do bebê.
Se o bebê tiver dificuldades em mamar, o fonoaudiólogo também é um profissional capacitado para ajudar.
O bebê cresce e aos 6 meses, conforme recomenda a OMS, é hora de iniciar a transição alimentar, que nem sempre é tão bem aceita pela criança, e mais uma vez, o fonoaudiólogo tem artifícios para tornar essa transição mais prazerosa a toda a família.
Durante a infância, se a criança tiver alguma síndrome ou malformação, o fonoaudiólogo é essencial. Em crianças surdas, o fonoaudiólogo é responsável pela oralização, pela seleção e adaptação de próteses auditivas, etc.
Quando a criança apresenta atrasos ou trocas na fala, dificuldades de leitura, escrita ou cálculo, respiração bucal ou hábitos orais viciosos, mais uma vez o fonoaudiólogo entrará em ação.
Aí vem a adolescência, a conhecida fase de muda vocal pode não acontecer como esperada, e olha o fonoaudiólogo atuando outra vez!
Em casos de tratamentos ortodônticos o fonoaudiólogo também será indicado.
Depois temos a fase adulta. Se você utiliza sua voz profissionalmente, mais cedo ou mais tarde, vai precisar de um fonoaudiólogo.
Tem também o “mal do século”; o câncer… Em pessoas com câncer de cabeça e pescoço o acompanhamento com o fonoaudiólogo é imprescindível. E em outros tipos de câncer também pode ser necessária a presença de fono.
E todo mundo que nasce, cresce um dia envelhece… Todas as funções envelhecem junto. O equilíbrio pode ficar alterado; fono ajuda! A audição começa a falhar… Fono outra vez. Tanto na realização de exames quanto na adaptação de próteses auditivas. A voz também envelhece; Fono!
No processo natural de envelhecimento as funções de comunicação e alimentação vão se perdendo gradativamente, e o fonoaudiólogo pode contribuir na manutenção dessas funções por mais tempo.
Há também os acidentes vasculares, traumáticos, etc. e ambos também podem trazer comprometimentos para a alimentação e comunicação.
O fonoaudiólogo é essencial para a segurança alimentar e para melhorar a qualidade de vida, mesmo em seu fim… O fonoaudiólogo também se insere na equipe de cuidados paliativos, quando nada mais pode ser feito para estender a vida, mas ainda assim o fonoaudiólogo irá proporcionar melhor qualidade até o fim dos dias.
Assim, do início ao fim da vida, essa profissão gigante pode fazer algo por você.
Dificilmente você vai ver um único profissional fazer tudo isso com maestria, até porque a tendência é cada um ir se especializando em suas áreas afins, mas nós sempre temos algum outro colega para indicar.
